segunda-feira, outubro 4

Rebeldia e seu significado


O profeta Isaías pronuncia um ai sobre Israel: "Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor" (Isaías 30:1). A palavra hebraica para "ai" aqui significa sofrimento profundo e dor. O que tinha feito o povo de Deus para magoá-Lo tão profundamente? E por que Ele o chamou rebelde? Afinal de contas, eles não eram pagãos - eram Seu próprio povo. Que pecado tão terrível cometeram para que os chamasse de rebeldes?A palavra que Isaías utiliza neste verso para referir-se à rebelião significa retrocesso, teimosia, desvio. Do que exatamente se desviou o povo de Deus? E o que aconteceu para que se desviassem?
Encontramos a resposta na próxima frase: "Para tomar conselho, mas não de mim; e que se cobrem, com uma cobertura, mas não do meu espírito" (30:1). A frase "se cobrem, com uma cobertura" aqui significa que fazem seus próprios planos. Posto de maneira simples, Deus diz: "Meu povo já não Me consulta. Não Me buscam para receber direção e aconselhamento. Em vez disto, ependem do braço da carne. E cada vez que agem sem Me buscar, e vão ao mundo procurar ajuda, amontoam pecado sobre pecado. Deixaram de confiar no braço forte de Deus".
Hoje em dia, pensamos que rebeldia é se recusar a obedecer a palavra de Deus, e se voltar para as drogas, o álcool, a fornicação e outros pecados grosseiros. Mas a rebeldia a que Deus se refere aqui é muito mais dolorosa que estas coisas. O próprio povo do Senhor estava dizendo: "Não incomodemos Deus com isto; temos a sabedoria e a vontade para fazer por nós mesmos".
Entretanto, o povo de Deus sabia muito bem que devia confiar em Deus em qualquer situação, por mais insignificante que esta fosse. Os Salmos constantemente lhes recordavam isto: "Quão preciosa é, ó Deus, a tua benignidade, pelo que os filhos dos homens se abrigam à sombra das tuas asas" (Salmo 36:7). "...porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo..." (57:1). "Porque tu tens sido o meu auxílio; então, à sombra das tuas asas me regozijarei" (63:7).
Agora o povo de Deus estava enfrentando uma grande crise. Os assírios tinham declarado guerra à Judá, e o poderoso inimigo se aproximava rapidamente com milhares de carros de guerra. Para Judá, esta era a maior de todas as crises. A situação parecia totalmente desesperadora.
Entretanto Judá não recorreu ao Senhor na crise. Ignoraram a Deus, e dependeram da própria capacidade. Primeiro, enviaram embaixadores ao Egito para pedir ao exército do faraó que lhes emprestasse cavalos para a batalha. A seguir, tentaram subornar o Egito para que combatesse por eles contra a Assíria. Em resumo, procuraram ajuda no ímpio: "Que descem ao Egito, sem pedirem o meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó, e para confiarem na sombra do Egito" (Isaías 30:2).
Pergunto-me por que nenhum dos líderes de Judá questionou: "O que fizeram nossos piedosos pais em situações ameaçadoras como esta? Afinal de contas, temos um grande histórico de ocasiões em que fomos libertados. Aonde procuraram conselho? Como encontraram ajuda na hora da necessidade?".
Poderiam ter se recordado da situação de Davi, quando o exército filisteu se espalhou pelo vale dos Refains. Davi tinha acabado de ser ungido rei de Israel, e não sabia o que fazer. A Bíblia diz: "Então consultou Davi a Deus, dizendo: Subirei contra os filisteus, e nas minhas mãos os entregarás?" (1 Crônicas 14:10).
Davi procurou direção somente da parte de Deus. Não pediu conselho a nenhum conselheiro, ainda que tivesse muitos sábios a seu redor com quem podia contar (e as escrituras dizem que há sabedoria na multidão de conselheiros). Mas Davi foi a Deus em oração, pedindo orientação específica. E o Senhor lhe deu: "E o Senhor lhe disse: Sobe, porque os entregarei nas tuas mãos" (14:10). Deus abençoou Davi com uma grande vitória, porque este O consultara.
Mas os filisteus de repente se reagruparam. Agora voltam a Israel com novo exército. Neste momento, Davi poderia ter raciocinado: "A estratégia que Deus nos deu contra o inimigo funcionou na primeira vez. Vamos seguir o mesmo plano outra vez. Mas Davi se recusou a depender de outra coisa que não fosse uma nova palavra de Deus. "E tornou Davi a consultar a Deus; e disse-lhe Deus: Não subirás atrás deles" (14:14 - itálicos são meus).
Acredito que não há dois planos de Deus que sejam iguais. E aqui o Senhor tinha uma nova estratégia para Davi. Ele o instrui assim: "Rodeia-os por detrás, e vem a eles por defronte das amoreiras; e há de ser que, ouvindo tu um ruído de marcha pelas copas das amoreiras, então sairás à peleja; porque Deus terá saído diante de ti, para ferir o exército dos filisteus" (14:14-15).
Eu lhe pergunto: que conselheiro militar daria esse conselho? E quem acreditaria em tal plano, se o tivesse escutado? Imagino os capitães israelitas dizendo: "Davi, você está dizendo que vamos ficar sentados até ouvir o vento soprar por cima das árvores? E é aí, então, que vamos atacar os filisteus, e esperar que Deus os ponha em nossas mãos? Você ficou louco?"
Nosso Deus tem caminhos que vão além de nossos meios humanos. Seus planos podem parecer totalmente tolos aos olhos dos homens. Mas nosso Deus atua de modo sobrenatural através de nossa obediência à Sua palavra pela fé: "E fez Davi como Deus lhe ordenara; e feriram o exército dos filisteus desde Gibeom até Gezer" (14:16). 

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